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SOBRE NÓS

      O Boquinha é o “filhote” do Boca de Rua. Trata-se de um suplemento infanto-juvenil do jornal Boca de Rua escrito e ilustrado por crianças e adolescentes em situação de risco social. A gurizada botou a boca no mundo em fevereiro de 2003, quando filhos e protegidos dos integrantes do Boca – que normalmente os acompanhavam às reuniões – foram organizados em um grupo à parte. Os encontros eram realizados a céu aberto, em um parque urbano da cidade. Quando chovia, era preciso buscar a proteção dos quiosques. Os papéis molhavam, as tintas borravam, as crianças espirravam. Mesmo assim, desde o começo, os meninos e as meninas integrantes do projeto deixaram claro que carência de recursos e de oportunidades não é sinônimo de falta de imaginação, criatividade, alegria, clarividência e capacidade de perceber e interpretar a realidade.

     Hoje o projeto reúne crianças e adolescentes com idades entre quatro e 14 anos, que são responsáveis pela produção de textos, fotos e ilustrações publicados no suplemento. Eles não vendem o jornal, que é comercializado pelos adultos, de mão em mão, pelas ruas da cidade. Suas famílias recebem uma ajuda de custo mensal adotado antes mesmo da implantação do Bolsa Família em nível nacional.

    O objetivo do Boquinha é mostrar o mundo às crianças e as crianças ao mundo. O “mundo” a ser mostrado é composto por outras realidades além da violenta dureza das ruas. Para isso, o grupo faz passeios a diversos locais da cidade, incluindo cinemas, teatros, parques, museus, exposições, entre outros. Também desenvolve atividades artísticas e de lazer, além de conversas, reflexões e debates coletivos sobre a realidade que os cerca. A segunda parte do objetivo – mostrar as crianças para o mundo – pretende apresentar à sociedade a capacidade destas crianças de criar, produzir arte e linhas de pensamentos singulares e importantes para subsidiar tanto as políticas públicas quanto os conceitos a respeito desta população. Ao contrário do que se costuma repetir, crianças em situação de vulnerabilidade social não têm menos capacidade nem criatividade.

    Uma vez por mês, os responsáveis comparecem a uma reunião com os técnicos do projeto. Nesses encontros, fala-se dos problemas e conquistas dos filhos (inclusive dos que não estão vinculados ao Boquinha), das dificuldades em terem acesso a equipamentos de atendimento, dos planos, sonhos ou frustrações. Pais, mães, avós, tios, tias e madrinhas trocam conselhos entre si, compartilham experiências e debatem temas de seu interesse. Dessas conversas nascem as crônicas da coluna Coruja & Cia, também publicada no jornal.

     Ao ler o suplemento infanto-juvenil é impossível não se encantar com a incrível capacidade que estas crianças têm para interpretar a realidade e reinventá-la. “O Boquinha ilumina os meninos e as meninas”, escreveu Taís, aos 13 anos, sem saber que, com uma única frase, resumia todo o projeto. Luz é revelação, ideia, compreensão, criatividade e lugar ao sol.

 

NOSSAS FILIAIS

Porto Alegre, Brasil

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